quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Carro dos Fernandes - 02 de Maio de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

E, de repente, chega o automóvel e transforma a cidade. O monstro irrompeu bufando, “soltando fumaça pelas ventas feito a besta-fera”. Era a modernidade que chegava ao interior do Estado. E veio pra ficar!

 
                
Antes, existia apenas os velhos carros de boi e a Diligência de Seu Pompílio, que era um carro grande, pesado, de quatro rodas, puxado por dois burros. Essa Diligência era empregada no transporte de passageiros entre o Porto de Santo Antônio e a Cidade de Mossoró, e vice-versa. A viatura tinha vários lugares e pegava diversos passageiros. O preço de uma lotação completa era de dez mil réis; passagens avulsas custavam um mil réis. 

 
Fabricado em 1911 - Fonte:
colunas.cbn.globoradio.globo.com

E tudo ia bem até que em 11 de maio de 1911 apareceu o primeiro automóvel em Mossoró, adquirido pela firma Tertuliano Fernandes & Cia. Era um veículo de marca “Westinghause”, de fabricação alemã, com capota desmontável, buzina externa e caixa de ferramentas no estribo esquerdo, além de manivela e rodas com aros de madeira. No motor, 40 cavalos; tinha acomodação para 8 passageiros. 
                
O jornal “O Mossoroense” noticiava, na época: “ O carro dos Fernandes fez lindas evoluções pelas ruas da cidade”. 
                

Lauro da Escóssia registrou no seu livro “Cronologias Mossoroenses – quando, como e onde aconteceram os fatos... – Coleção Mossoroense – Vol. CLXXXII – que “o povo acolheu a chegada do esquisito invento portando-se de joelhos nas calçadas da praça da Redenção e rua Almeida Castro, por onde passou o veículo, mesmo empurrado, pois vinha com uma peça quebrada”. 
                
Nesse mesmo período, a municipalidade inicia a construção de estradas para automóveis, concedendo ajuda financeira à firma Tertuliano Fernandes & Cia., que pretendia usar o automóvel adquirido para transporte de passageiros em linhas a serem organizadas entre Mossoró e as de Areia Branca, Apodi e Pau dos Ferros. 
                
Junto com o automóvel, veio o motorista do Rio de Janeiro. Era o Sr. Cesário Martins, que durante o período de sua permanência em Mossoró ministrou ensinamentos a várias pessoas. Quem primeiro aprendeu a dirigir a máquina foi Chico Panema. Mas não era um bom motorista. Numa viagem que fez para o Apodi, esqueceu-se de colocar água na caldeira e o motor do carro estourou. Ficou atolado no areal entre Apodi e Mossoró. Não teve mais conserto e alguns anos depois foi vendido e levado para o Rio de Janeiro como sucata. 
                
Veio depois o automóvel do comerciante Delfino Freire da Silva. Era um “Berlier” azul, de sete lugares, imenso. Fez uma verdadeira revolução em Mossoró. Para dirigi-lo, veio um chofer do sul, chamado Fraga. Gostou da cidade e nunca mais saiu de Mossoró. 
                
Outro automóvel que fascinou os mossoroenses da época foi o Itala azul-cinzento, de sete lugares, de origem italiana, pertencente ao capitão zeta, Manoel Tavares Cavalcanti. 
                
Novos carros foram aparecendo em Mossoró. Alguns de marca Ford, o chamado “fura-mundo”, o mais popular da época. E a frota não parou mais de crescer. 
                
Outros tempos aqueles. O automóvel não criou apenas uma profissão nova: a de “chauffer”. Criou também um novo estilo de vida, Símbolo de status no passado.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
http://www.blogdogemaia.com


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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